Polícia

Jogo sujo: guerra de facção em Niterói ganha reforço do Rio e da milícia

De um lado, o Comando Vermelho (CV), facção criminosa com amplo domínio territorial e buscando controlar o tráfico de drogas em todas as comunidades de Niterói. Do outro, o Terceiro Comando Puro (TCP), grupo criminoso em minoria na cidade, mas buscando expansão com objetivo de aumento na lucratividade oriundas de atividades criminosas.

O cenário poderia ser comparado a um filme, mas é a realidade da luta de interesses que motiva os recentes conflitos na Zona Norte de Niterói.

“Já estamos cientes de toda a complexidade do tráfico naquela região através de informações coletadas pelo nosso setor de inteligência. A facção em minoria na cidade ganhou reforço do Rio, além de terem se unido a milicianos da região”, revela a Delegacia do Fonseca (78ªDP), responsável pela investigação.

Nos últimos dias, a comunidade da Nova Brasília, na Engenhoca, controlada pela facção criminosa Comando Vermelho, através de um criminoso conhecido como Maxixe, foi alvo de disparos feitos por traficantes rivais. Maxixe, como é conhecido o 'frente' do tráfico naquela região, seria uma espécie de porta-voz do traficante Luiz Claudio Gomes, o Pão com Ovo, que, mesmo preso em Bangu III, ainda rege as atividades criminosas na Nova Brasília.

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Mesmo preso, Pão com Ovo controla as atividades criminosas na Nova Brasília. Foto: PCERJ

No mais recente relato de conflito entre traficantes aconteceu na madrugada desta segunda-feira (1º), quando criminosos do Terceiro Comando Puro efetuaram disparos na direção da comunidade rival. No último dia 20 de fevereiro, criminosos do TCP também atacaram os rivais. Não houve registro de feridos durante os confrontos.

De acordo com a polícia, nas últimas semanas, traficantes do TCP, que, até então, eram responsáveis pelo controle do tráfico de drogas das localidades conhecidas como Santo Cristo, Pimba, Palmeira e Coréia, no Fonseca, e Coronel Leoncio, na Engenhoca, arrendaram as comunidades para criminosos da localidade conhecida como Amarelinho, em Irajá, na Zona Norte do Rio.

Segundo a polícia, o principal criminoso da favela do Amarelinho, que agora é o responsável por todas as comunidades do TCP no Fonseca, já foi identificado.

Milícia em Niterói

A polícia investiga ainda se bandidos do Rio de Janeiro são os responsáveis pela ligação entre tráfico e milícia no Fonseca, denunciada pelo Plantão Enfoco em fevereiro deste ano. Moradores da localidade conhecida como Palmeira, controlada pelo TCP, denunciam cobrança por serviços, tática utilizada por milicianos, uma demonstração de união entre os criminosos.

“Infelizmente, a nossa comunidade está abandonada. Os antigos donos entregaram as comunidades para o pessoal de Acari e eles estão fazendo a ‘festa’, cobrando por telefonia, internet, entre outras coisas. O que os moradores pedem é que a polícia faça uma ação de combate nessas regiões. Os moradores estão se sentindo oprimidos pela criminalidade, principalmente na Palmeira”, afirma o morador, que preferiu ter a identidade preservada.

A hipótese de uma aliança entre o tráfico de drogas e a milícia, no Fonseca, surgiu a partir do nome de Gerson Batista Júnior, o Gecinho, miliciano atuante nos bairros Engenho Pequeno e Zumbi, em São Gonçalo, e que estaria atuando de forma indireta em Niterói arrecadando o dinheiro exigido de moradores por intermédio do tráfico.

Complexo de Santo Cristo, Coreia, Palmeira, Favela, Fonseca
Palmeira é uma das comunidades afetadas pela união entre milícia e traficantes. Foto: Vítor Soares

"Os 'caras' cortaram os cabos de uma empresa de telefonia, estão cobrando R$ 80 por cada botijão de gás, estão falando também que vão passar a cobrar uma espécie de aluguel para quem mora na região no valor de R$ 500 por residência. Além disso, os criminosos cobram R$ 50 por 'gatonet', serviço de TV por assinatura comum em comunidades. Tenho uma parente que está sem internet, sem telefone, tudo isso por essa parceria feita entre eles"

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